2004-03-25

Taizé

A sala estava quase cheia de jovens que entoavam cânticos, rezavam salmos e liam trechos do N.T. A certa altura, depois de um grande silêncio (só interrompido pelas sirenes de alguma ambulância), surgiram preces espontâneas intercaladas pelo cântico cuja a letra vale a pena mencionar: «Deus é amor, atreve-te a viver por amor. Deus é amor, nada há a temer».

Um tanto “anestesiados” pelo ambiente, fomos convidados a dar as mãos para rezarmos o Pai-Nosso. Ao meu lado direito, estava um rapaz de traços orientais e, ao seu lado, uma rapariga também ela desconhecida. Ambos me estenderam as suas mãos esquerdas, as quais foram seguradas pela minha direita. Àquela hora da noite, quando quase todos repousavam de um dia de trabalho, iluminados pela ténue luz das velas, dissemos a uma só voz: «Pai-Nosso... seja feita a Tua vontade..., queremos e trabalharemos por um mundo melhor..., que não falte o pão aos outros tantos irmãos..., por isso, perdoaremos as pequenas e as grandes coisas, mesmo quando não somos perdoados... Amem».

Como se estivéssemos parados no tempo, cantamos os mesmo refrão - «Bonus est confidere in Domino, bonum sperare in Domino» - 2, 3, 4... talvez 10, talvez 20..., certamente mais de 30 vezes, ninguém sabe bem... porque, como no momento da Transfiguração, só pensávamos: «é porreiro estar aqui!, a ver se ficamos por mais uns tempos».

Afinal o tempo não tinha parado. Era preciso regressar a casa e retomar o ritmo do mundo. Tudo parecia igual. Cada um, depois do descanso, não teve outra alternativa senão a de pegar na sua cruz e fazer o mesmo caminho. Talvez mais sossegado, talvez mais determinado... apenas com uma certeza: Ele caminha sempre connosco.

David

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