2004-03-19

«O PAPALAGUI»

Um certo dia foi-me aconselhada a leitura do livro «O PAPALAGUI, discursos de tuiavii, chefe de tribo de tiavéa nos mares do sul», tendo-me sido dito que era um livro que estava ao nível de «O Principezinho» de Saint-Exupéry.

Hoje, que terminei a leitura de «O PAPALAGUI», vejo-me forçado a discordar categoricamente dessa opinião: «O Principezinho» está muito à frente de «O PAPALAGUI»!!!

Seguindo (se de forma intencional ou não, não sei) a teoria do «Bon Sauvage» de J.J. Rousseau, este livro apresenta a sociedade e o homem ocidentais como tendo todos os defeitos e nenhuma virtude... e isso é um grande exagero!!!

O homem ocidental é criticado pela forma de vestir (e mesmo até por se vestir) e pela vaidade com que o faz, pelo seu apego ao dinheiro e pela sua excessiva dependência em relação a ele, pela sua capacidade inventiva, pela sua constante pressa, pela posse afirma em relação às coisas, pelo seu poderio pela utilização de máquinas, por ser especializado em determinada profissão, pelas suas formas de divertimento, por desenvolver o raciocínio e investigar tudo o que o rodeia e, finalmente, por apresentar Deus com a boca mas não na vida.

Se em alguns pontos e criticas se toca em verdadeiros problemas da sociedade e do homem ocidentais, toda essa visão se perde no exagero a que se chega e no fundamentalismo com que se eleva o «Bon Sauvage» como o ideal.

Sejamos realistas, sem grande parte daquilo que criticamos não existiriamos como nos conhecemos e sem tantos passos que são criticados a humanidade ainda andaria nua e viveria tendo como estilo de vida a recolecção de alimentos... sejamos pragmáticos, o caminho não é o da critica feroz mas sim o de trabalhar com o que dispomos, necessáriamente olhando para os pontos fracos mas também para os fortes, para construir um mundo melhor!!!
Será que temos a coragem???

PS 1: Foi com muito sacrificio, o digo muito sinceramente, que cheguei ao final do livro... já estava cansado de ver a sociedade ocidental tão amesquinhada!

PS 2: Uma razão que me pode levar a tentar compreender o porquê deste livro é o contexto histórico em que foi escrito: a I Guerra Mundial... mas isso não serve de desculpa para todos os exageros, ou será que serve?!?

Ass: MARTYR

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