2005-10-24

Quanto tempo o tempo tem...

"Os sonhos de Einstein" trata-se de uma peça de teatro que teve a sua estreia no passado sábado, dia 22 de Outubro, no Trindade. Os excelentes actores, o humor, a música e, sobretudo, o canto de vozes extraordinárias, proporcionaram-nos um grande espetáculo e uma tarde bem passada; sem dúvida, a melhor peça que assisti, mas este facto não deve ser tido em conta visto que foi apenas a segunda vez que fui ao teatro. Mas vale mesmo a pena ver... São quase duas horas de espetáculo em que nos é representada a vida de Einstein à volta da sua famosa teoria da relatividade, o tempo e os seus sonhos com a sua misteriosa amada. Isto chega para abrir o apetite; o melhor é mesmo ver a peça, que fica a ganhar muito pela música e canto. Fica a sugestão para quem quiser passar um bom bocado...
E já agora: "Quanto tempo são seis segundos?" É com esta pergunta que começa a peça... pensem na resposta...
Para mais pormenores pode consultar a página web www.teatrotrindade.inatel.pt
João

(IR)RESPONSABILIDADE SOCIAL…


No último sábado, dia 22, regressei aos Bairros 6 de Maio e Estrela de África (Amadora), na minha actividade de Pastoral. Fui participar na reunião de um dos grupos de missão que acompanho (“No djunta mon”), um grupo de guineenses.
A reunião correu muito bem e foi bom voltar a estar com aquela gente tão simples mas tão sedenta da Palavra de Deus como de atenção.
Antes da reunião, guiado por duas Irmãs dominicanas do Rosário, que aí têm uma comunidade, visitei uma das zonas que foram destruídas devido aos planos de realojamento.

Fiquei escandalizado!
Bem ou mal, retiraram as pessoas dessa zona.
Bem ou mal, levaram-nas para novos alojamentos.
Nada bem e muito mal, destruíram as barracas dessa zona do Bairro e deixaram os escombros no local.
O facto é que aí se reproduzem as ratazanas e outros animais.
Aí estão os canos da água a jorrar (e ainda dizem para pouparmos água…).
Aí andam as crianças do bairro sujeitas a magoar-se ou a ser mordidas pelas ratazanas (o que já aconteceu).

Será que esta gente é menos gente?
Será que o facto de serem pobres imigrantes, muitos deles ilegais, faz deles menos gente?
Será que, porque não são fonte de votos, são menos merecedores de atenção?
(Nem falo da sua cor de pele… prefiro acreditar que esse factor não é significativo…)
Será que a Câmara Municipal da Amadora distingue munícipes de primeira e de segunda?

Há que ser muito irresponsável para nada fazer perante tal situação!!!
Pelos vistos, em algumas zonas, reina a irresponsabilidade social!!!
É o país que temos!!!

MARTYR

2005-10-21

Por uma sociedade melhor

No nosso dia a dia as notícias que nos invadem, em geral, têm a ver com a situação económica do país: suas causas, vivências e possíveis soluções. Trata-se de um tema, digo-o com sinceridade, que já nem consigo ouvir, principalmente as mentes brilhantes que o comentam: “falam, falam, falam e não fazem nada…” Como problema central na sociedade hodierna, ele arrasta consigo muitos outros problemas que acabam por degenerar a sociedade… Mas não vou entrar por aí!
Ao passar os rápidos olhos pelo jornal diário, houve uma pequena notícia, relegada para as páginas onde fica a virtude, que li, reli, meditei e decidi partilhar. Trata-se da ACEGE(Associação cristã dos empresários e gestores) que decidiram elaborar um CÓDIGO DE ÉTICA, onde todos os membros são convidados a assinar, a título pessoal, um código onde prometem, por exemplo, “lutar contra todas as situações de fraude, pela justa remuneração dos seus colaboradores, pelo combate à evasão fiscal e à fraude”… e podia continuar a enumerar aqui os traços deste CÓDIGO DE ÉTICA.
Contudo o importante deste gesto, na minha humilde opinião, é, sem dúvida, a iniciativa deste grupo da sociedade (empresários) que assumem valores, não só cristãos, mas que são de toda a sociedade. São pequenos gestos que o cristianismo, ano após ano, século após século, vem apregoando aos ouvidos da sociedade e que não são apenas para aqueles que vivem como baptizados, mas para toda a sociedade.
E se todos nós, cristãos, assumíssemos as nossas raízes morais e éticas? A sociedade não viveria melhor? Certamente este problema é de todos, mas não é a sociedade portuguesa ainda maioritariamente cristã? E se fossemos os vanguardistas nesta matéria, tal como este grupo e outros que vivem ofuscados pela luz do consumismo e do individualismo?
Espero também não ser daqueles que
falam, falam!!…

Crisóstomo

2005-10-17

Alice

Alice é um filme (até parece um reportagem alargada, mas sem comentários) de Marco Martins que conta a história de um casal cuja a filha, Alice, desaparece sem deixar sinal.

A mãe da desaparecida vive como uma alma penada num purgatório que a castiga por um pecado nunca cometido; o pai – um sujeito sempre vestido de preto, de olhos fundos e escuros, cabelo e barba como as noites mais escuras, tudo negro como que a indicar o estado de espírito em que vive – cumpre diariamente uma série de rituais na esperança de descobrir Alice. Grande parte do filme revela a obsessão do pai que procura desesperadamente a sua filha entre as milhares de pessoas anónimas que todos os dias percorrem a cidade de Lisboa.

Alice terá sido o filme com menos palavras que vi nos dias da minha vida. Pobre nas palavras e nas cores, lento nas sequências, mas rico em imagens e na forma de transmitir uma mensagem. Uma pobreza que é riqueza porque meio deliberadamente escolhido para dizer o que não pode ser dito por meio de palavras, mas através de expressões corporais, sobretudo do olhar e das cores das manhãs frias e cinzentas.

A banda sonora do filme também é pobre: só de tempos a tempos ouvimos um clarinete acompanhado por um piano que amplifica as dores do casal, que revela ao ouvinte o estado de «transe» em que eles se encontram.

Em Alice o espectador é contagiado pelo drama do casal. Um drama infelizmente bastante real na nosso mundo. É também contagiado pela beleza da cidade de Lisboa.
O cinema português está de parabéns!

David

2005-10-16

Dar a César... e a Deus o que Lhe pertence.

A frase de Jesus «entregai a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus» (Mt 22,21) é, provavelmente, uma das mais conhecidas e citadas dos Evangelhos. Há bem pouco tempo, a propósito de um comentário a esta frase, uma boa senhora protestava contra o padre dizendo que «não lhe ficava bem falar desse assunto na Igreja». Para esta senhora, o padre deveria falar apenas de temas espirituais, de assuntos do outro mundo e nos modos de lá chegar e não nos incómodos problemas da realidade, nem nas jogadas que os homens fazem para não cumprirem as suas obrigações em relação ao Estado.

É verdade que esse assunto – isto é, o dever de dar a César, de pagar impostos - nunca despertou grande entusiasmo, nem mesmo entre nós, os crentes. Mas a afirmação de Jesus é clara: eu devo restituir aos Césares deste mundo aquilo lhes pertence. Actuar de outra forma é desonesto e imoral.

Mas mais ainda, devo entregar a Deus o que é d’Ele: como ser criado à Sua imagem e semelhança, o homem pertence a Deus. Entre outros aspectos, esta afirmação recorda-nos que quando nos servimos dos outros como objectos para alcançar os nossos fins, estamos a desrespeitar a obra de Deus. Dominar o homem que por natureza pertence a Deus, escravizar o irmão para proveito pessoal é, deste modo, uma conduta contrária à mensagem divina.


David

2005-10-12

UM ANIVERSÁRIO NA LUZ


Ainda o sol estava com preguiça de sair da cama e a chuva caía sem parar, quando ontem, nesta comunidade, um coro de «angelicais» vozes começou a louvar o Criador… o motivo desse acontecimento, como todos os dias, era o agradecimento pelo dom da vida e sua entrega nas mãos do seu Senhor nesse novo dia que começa, mas ontem havia um motivo especial… um de nós comemorava os 32 anos da sua peregrinação por estas paragens… era o (ontem menino) Nélio! Assim, em comunidade de alegria e fé, celebrámos a Eucaristia de louvor por esse dom para ele, para a sua família, para esta comunidade, para a CM, para a Igreja e para a humanidade.

Embora privados da sua presença na primeira refeição do dia (sim, porque o homem é um desportista!!!), avançámos para a normalidade das nossas actividades diárias, em ansiosa esperança do lauto e farto banquete que à noite nos esperava…

Recebidos os amigos, sempre bem vindos, rezadas as vésperas, começámos o banquete nupcial, embora desta vez sem noiva, e fomos regalando as nossas almas com a companhia e os nossos corpos com as iguarias…

Foi um dia especial… mas também não é todos os dias que se tem motivo semelhante!!!

MARTYR

NOTA – Esta não é nem pretende ser uma crónica… é só uma visão pessoal dos acontecimentos… até porque para cronista designou-se outro… que o seu papel desempenhará com distinção (ver Noticias)…

2005-10-09

Reino de Deus é como um banquete nupcial



A comparação do Reino de Deus com um banquete nupcial não terá surgido por mero acaso no diálogo de Jesus com os homens religiosos do seu tempo. Jesus não compara o Reino de Deus com um templo religioso, uma sinagoga, um lugar de oração, mas sim com um «tempo de festa», um lugar de fartura de comida e bebida, de encontro com os entes queridos, de música e dança, lugar da celebração festiva.
O rei que prepara a festa de casamento do seu filho, diz-nos Jesus no Evangelho de hoje, não obriga ninguém a participar, mas apenas convida. Deixa a cada um de nós, convidados, essa possibilidade de escolhermos entre fazermos festa com Ele ou ficarmos à margem, indiferentes.
Deus convida-nos cada dia que passa a essa intimidade festiva com Ele. Quando, livremente, aceitamos participar nesse banquete, podemos também dizer como S. Paulo dizia aos cristãos de Filipos quando se encontrava preso: «tudo posso por Cristo, que me dá força». A esse Deus que nos faz viver em contínua festa, «Glória pelos tempos sem fim. Ámen.»
David