2005-02-22

MEDO?

Uns dias antes das eleições legislativas, encontrei algumas pessoas muito ligadas à Igreja que temiam a vitória dos partidos de esquerda, sobretudo se o principal partido, o PS, se aliasse à esquerda radical. Homens e mulheres, inclusive consagrado/as, temiam as reformas laicizantes, as perseguições de um governo liderado por gente sem fé.

A vitoria do PS veio dar mais força à essa onda de temor. Contudo, parece-me que essa não é, nem deve ser, a nossa atitude. Em primeiro lugar porque o medo é paralizante, faz-nos viver na defensiva, como infelizes que esperam a má sorte dos outros. Essa é uma atitude pouco evangélica. Por outro lado, que há a temer? Que nos tirem as casas?, que se apoderem das nossas instituições?, que nos insultem na praça pública? Mas nada disso seria uma novidade, só que esquecemos que seguir Jesus significa desprender-se de tudo, inclusive daquilo que julgamos vital, e predispor-se para subir ao calvário onde seremos, como Jesus, crucificados.

Mais do que temer, é de pedir a Deus que esse tempo chegue de novo e de preferência o mais depressa possível, antes que este estado «morno» de gente satisfeita e contente tudo queime até as raízes mais profundas do cristianismo na nossa sociedade. Que venham essas revoluções que e nos obriguem a tomar as decisões que por conveniência não fomos capazes de tomar. Que apareçam esses “revolucionários” que nos reduzam a menos da metade e deixem apenas «um pequeno resto» de seguidores sem medo. Seria, provavelmente, um novo começo... a Igreja seria mais humilde, menos institucional, mas mais carismática. E isso seria bom...


David

2 comentários:

Anónimo disse...

Este rapaz perdeu a cabeça... valha-nos Deus, ao que isto chegou! Reduzir a metade? Eu penso que o caminho deve ser outro. Sem medo, mas tb sem sangue.
Sónia

Anónimo disse...

Sobretudo, depois do Vaticano II, todos estamos bem conscientes de que a Igreja somos todos os cristãos. Por isso, não precisamos mais de "partidos cristãos", mas de cristãos nos partidos... e o mesmo se pode dizer da comunicação social, dos sindicatos, das escolas, das empresas, do futebol, etc. A tarefa dos bispos e dos padres é sobretudo a de os consciencializar, na linha da Bíblia, por exemplo, de S.Tiago, "a religião pura e sem mácula é visitar os órfãos e as viúvas", traduzindo para hoje, construir um mundo que chegue para todos, inclusivé, estrangeiros, toxicodependentes, idosos, sem-abrigo..."tive fome e destes-me de comer"...
Não vai haver nenhuma "guerra religiosa", David. E nós, na linha da nossa vocação cristã, na linha de S.Tiago (e S.Vicente!),vamos assimilar definitivamente que a religião pura e sem mancha, não são as pequenas devoções, os muitos conventos e igrejas, mas a construção dum mundo de paz e de justiça... Doutra maneira andamos a enganar-nos uns aos outros!
Não precisamos de pessimismos,precisamos de empenhamento!
A.A.