De Moçambique para todos os homens e mulheres de boa-vontade:
«Iniciamos um tempo de esperança: o Advento. Tempo de preparação para O que há-de vir e pelo o que há-de vir: as coisas boas para a nossa libertação pessoal e social.
Este ano a expressão “Vem Senhor !!!” tem uma força indescritível, quando a expressamos sentimo-la e desejamo-la.
“Vem Senhor, não tardes!!”, que para o povo de Makua é o mesmo que dizer: Vem Senhor da chuva, não tardes, estamos sedentos, não temos vida!
E é assim... a seca e a má programação de um governo corrupto fazem desta situação um desespero. As mulheres e as crianças passam todo o dia fora das suas casas à procura de “água”. Qualquer líquido, ainda que contaminado, é água.
Quero pedir a tua voz e a tua oração, quero pedir-te que peças connosco a Água... a dupla água, pois Ele disse de si mesmo que era (e é) Água, Água que dá Vida Eterna.
Esperança, silêncio e crescimento neste Advento...»
Sérgio
2004-11-30
2004-11-23
Sal da terra
Ouvi, meditei e aceitei…
“Já não somos mais luz do mundo, mas sim sal da terra. Esse sal que está mais escondido, que não se vê, mas que actua e dá sabor a muitas realidades.”
A força visível da Igreja está a diminuir, isto é, as “massas mobilizadas e mobilizadoras” são em menor escala e já não iluminam com a claridade que o faziam. Não discuto porquê, quais as consequências… a realidade é aquela que vivemos e é essa que temos que aceitar… Por isso, o papel que nos é pedido, mais que nunca, é o de ser sal que não se vê, mas que se sente em quem actua; ser a água que corre por baixo da erva verdejante: não se vê, mas sem ela a erva jamais sobreviveria…
O nosso “papel”, como Igreja, está a mudar e temos que responder à sociedade em que vivemos. E esta, mais que grandes movimentações (que são impossíveis para nós realizarmos) quer sentir esse trabalho silencioso, mas efectivo e afectivo que, pouco a pouco, vai dando sabor à vida, cada vez mais cega de valores, de justiça e de verdade.
Jerónimo
“Já não somos mais luz do mundo, mas sim sal da terra. Esse sal que está mais escondido, que não se vê, mas que actua e dá sabor a muitas realidades.”
A força visível da Igreja está a diminuir, isto é, as “massas mobilizadas e mobilizadoras” são em menor escala e já não iluminam com a claridade que o faziam. Não discuto porquê, quais as consequências… a realidade é aquela que vivemos e é essa que temos que aceitar… Por isso, o papel que nos é pedido, mais que nunca, é o de ser sal que não se vê, mas que se sente em quem actua; ser a água que corre por baixo da erva verdejante: não se vê, mas sem ela a erva jamais sobreviveria…
O nosso “papel”, como Igreja, está a mudar e temos que responder à sociedade em que vivemos. E esta, mais que grandes movimentações (que são impossíveis para nós realizarmos) quer sentir esse trabalho silencioso, mas efectivo e afectivo que, pouco a pouco, vai dando sabor à vida, cada vez mais cega de valores, de justiça e de verdade.
Jerónimo
2004-11-11
E qualquer dia...
Eram por volta das 11.30 de uma manhã fria, cinzenta e chuvosa, quando os coveiros ergueram mais uma vez as sacholas para cobrirem de terra outro caixão anónimo. Não fosse a chuva que dificultava o serviço, nada havia de especial. De faces tão frias como essas manhãs, os homens arregaçaram as mangas e cuspiram nas mãos e, num instante, puxaram a terra lamacenta de um lado para outro até desaparecer o caixão. Nuns minutos tudo estava resolvido: a srª Y já estava despachada.
Despachada anonimamente, pois nessa triste cena não havia os habituais acompanhantes que enxugam lágrimas e recebem condolências. A srª X era mais uma das tantas pessoas que vivem e morrem quase sozinhas.
Nestas manhãs frias e húmidas, é difícil ser indiferente ao crescente número de homens e mulheres que fazem da rua as suas casas. Imagino como dever ser viver sem lar e sem quase ninguém, escravizado por um «senhor vício», sem as coisas que fazem parte do nosso quotidiano banal: uma cama para dormir, um duche pela manhã, refeições à mesa, um programa de TV, um abraço de alguém que nos ama, etc. Nesta época do ano, vê-los nas ruas é ainda mais cruel. São os maus da fita para o mundo e para eles mesmo, já que nem eles querem representar o papel que representam.
E qualquer dia celebraremos o Natal, o nascimento do Deus pobre. As ruas ficarão iluminadas e, no nosso passo apressado, continuaremos a fazer a nossa vida, indiferentes aos tantos Cristos que padecem de fome e frio.
David
Despachada anonimamente, pois nessa triste cena não havia os habituais acompanhantes que enxugam lágrimas e recebem condolências. A srª X era mais uma das tantas pessoas que vivem e morrem quase sozinhas.
Nestas manhãs frias e húmidas, é difícil ser indiferente ao crescente número de homens e mulheres que fazem da rua as suas casas. Imagino como dever ser viver sem lar e sem quase ninguém, escravizado por um «senhor vício», sem as coisas que fazem parte do nosso quotidiano banal: uma cama para dormir, um duche pela manhã, refeições à mesa, um programa de TV, um abraço de alguém que nos ama, etc. Nesta época do ano, vê-los nas ruas é ainda mais cruel. São os maus da fita para o mundo e para eles mesmo, já que nem eles querem representar o papel que representam.
E qualquer dia celebraremos o Natal, o nascimento do Deus pobre. As ruas ficarão iluminadas e, no nosso passo apressado, continuaremos a fazer a nossa vida, indiferentes aos tantos Cristos que padecem de fome e frio.
David
2004-11-01
Santos
Que imagem temos dos santos?
Não tem muito tempo que, com um grupo de amigos, visitei um museu no qual estavam expostas algumas imagens antigas e valiosas de santos e santas. Talhadas e pintadas segundo a moda da época, as imagens apresentavam, salvo raras excepções, uma expressão triste que até dava pena olhar para elas. «Ainda bem que estão num museu porque na Igreja nos dias de hoje não faz muito sentido» - pensei.
Certamente que quando falamos de santidade vem-nos logo à memória estas imagens, estes modelos que vimos nas nossas Igrejas e, em muitos casos, até conhecemos as suas heróicas histórias. Contudo, teremos consciência do quanto elas nos condicionam?... será um condicionamento positivo?
É comum ouvir as pessoas a dizerem: «santo eu?, a santidade não é comigo..», como se fosse incompatível santidade com alegria. Curiosamente neste dia de todos os santos, a liturgia apresentava a leitura do texto de Mateus sobre as Bem-aventuranças. Nelas Jesus faz-nos uma proposta para uma vida feliz, mas com critérios diferentes dos do mundo. «Felizes os pobres em espírito... os puros de coração... os misericordiosos.... os pacíficos... os perseguidos...» A sua mensagem é, essencialmente, um projecto de felicidade, de vida em plenitude para todos os homens. Mas será que acreditamos mesmo nisso?
Paulo
Não tem muito tempo que, com um grupo de amigos, visitei um museu no qual estavam expostas algumas imagens antigas e valiosas de santos e santas. Talhadas e pintadas segundo a moda da época, as imagens apresentavam, salvo raras excepções, uma expressão triste que até dava pena olhar para elas. «Ainda bem que estão num museu porque na Igreja nos dias de hoje não faz muito sentido» - pensei.
Certamente que quando falamos de santidade vem-nos logo à memória estas imagens, estes modelos que vimos nas nossas Igrejas e, em muitos casos, até conhecemos as suas heróicas histórias. Contudo, teremos consciência do quanto elas nos condicionam?... será um condicionamento positivo?
É comum ouvir as pessoas a dizerem: «santo eu?, a santidade não é comigo..», como se fosse incompatível santidade com alegria. Curiosamente neste dia de todos os santos, a liturgia apresentava a leitura do texto de Mateus sobre as Bem-aventuranças. Nelas Jesus faz-nos uma proposta para uma vida feliz, mas com critérios diferentes dos do mundo. «Felizes os pobres em espírito... os puros de coração... os misericordiosos.... os pacíficos... os perseguidos...» A sua mensagem é, essencialmente, um projecto de felicidade, de vida em plenitude para todos os homens. Mas será que acreditamos mesmo nisso?
Paulo
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